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Um encontro por uma Internet descentralizada

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Um fato hoje é a crescente onda de interesse em se repensar a World Wide Web, a Internet, em direção a um modelo descentralizado ou ao menos, mais descentralizado do que temos. Vamos conhecer agora alguns bons exemplos para levantar essa discussão. Leve esses pensamentos para uma conferência ou para uma festa, refine, revise, oxigene, replique, faça o que quiser, conhecimento é livre!

Para começar a falar sobre isso, é importante trazer a tona uma proposta que hoje reúne o maior acervo da internet fora de uma Big Tech ou de algum Governo. Se você não conhece o Internet Archive, dê uma olhada na experiência que hoje têm 26 anos e um acervo de informações com mais de 100 Petabytes de dados e 800 bilhões de cópias de páginas da história da internet.

Os fundamentos e a história do Archive.org está registrada em diversos posts como este. Acreditamos que uma iniciativa como essa mostra o poder da sociedade civil organizada e da continuidade de um trabalho por muitos anos. Preservar conteúdo histórico e cultural é uma maneira de enxergar a evolução e as alterações criativas de uma civilização. Curiosamente ele fica fisicamente em uma antiga igreja da Ciência Cristã.

Nossa cultura agora produz cada vez mais artefatos em formato digital e a missão do Internet Archive é ajudar a preservar esses artefatos e criar uma biblioteca na internet para pesquisadores, historiadores e acadêmicos.

Brewster Kahle, fundador da iniciativa e atual diretor, um empreendedor e engenheiro da computação formado no MIT em 1982 que se colocou a missão de fornecer “acesso universal a todo o conhecimento”. Depois de ter vendido empresas na área de Big Data para gigantes como AOL e Amazon no começo da década de 90, ele inicia no sótão de sua casa a usar software para “fazer backup” da internet inteira em 1996, criando assim este gigante acervo sem fins lucrativos. Ficou conhecido como o “bibliotecário digital” entrando para o Internet Hall of Fame.

Todos os seres humanos precisam explorar o conhecimento, o papel dessa organização é o de disseminar informação. A ideia é que qualquer usuário deveria não apenas fazer uso, mas também compartilhar com outras pessoas. Esses eram os pensamentos originais dos fundadores da iniciativa, mas ao passar dos anos, a internet mudou, o mundo mudou e novos sonhos apareceram.

“O que seria necessário para nos tirar do nosso ritmo? Para mudar a forma como nós, tecnólogos, canalizamos os nossos talentos – deixando de apenas ganhar dinheiro ou apenas fazer investigação acadêmica – para construir o tipo de sociedade em que queremos viver?”

Brewster Kahle

TECNOLOGIA NA NATUREZA?

Precisamos entender que Brewster, que fundou o Internet Archive também foi um dos Burners originais, além disso, ele foi energizado por um evento de hackers ao ar livre fora de Berlim que acontece a cada quatro anos chamado Chaos Communication Camp (CCC).

Ele como ativista engajou ao longo dos anos uma comunidade de pessoas e de recursos filantrópicos que acabaram dando vida ao Descentralized Web Summit que desde 2016 vem crescendo e acabou reunindo em 2018 mais de 1000 participantes de todo o mundo. A premissa central é que a tecnologia por si só não nos salvará – precisaremos de leis, modelos de negócios e valores para nos alinharmos em torno da descentralização se quisermos que este novo movimento tenha sucesso.

DWeb é uma rede global de construtores e sonhadores que trabalham para criar uma web melhor e descentralizada. A web que queremos e merecemos.

Em 2019, a Decentralized Web ficou conhecida como DWeb e os organizadores decidiram criar uma experiência totalmente nova, o DWeb Camp. Assim aconteceu na Califórnia um acampamento que atraiu 450 construtores e sonhadores que re-imaginaram a nossa relação com a tecnologia e o planeta.

Este evento co-criado inspirou organizadores de Berlim, Xangai, Nova Iorque, Singapura, Praga e outras cidades ao redor do mundo a dar um passo à frente e formar “nós”, locais de curiosos sobre tecnologia descentralizada. Esses grupos ao redor do mundo continuam a se reunir, escrever e compartilhar conhecimento.

“E se pudéssemos fundir a criatividade autossuficiente do Burning Man com a energia tecnológica utópica do CCC? O que aconteceria se reuníssemos centenas de sonhadores e construtores dedicados a reimaginar as tecnologias, leis, mercados e valores de que necessitamos para uma Web melhor? A Web que queremos e merecemos?”

Brewster Kahle

DWEB CAMP NO BRASIL IRÁ ACONTECER NO COMEÇO DE SETEMBRO

Irá acontecer entre os dias 7 e 10 de Setembro de 2023 o DWebCamp + CoolabCamp, quatro dias em um recanto paradisíaco do litoral norte de São Paulo, com conversas relâmpago, oficinas, discussões, apresentações, hackatons, instalações e performances. O evento nasce da colaboração entre o DWeb e a Coolab, ambas plataformas dedicadas a criar uma Internet mais aberta, acessível e sem censuras, controlada pelos próprios usuários.

A organização dá boas-vindas não apenas a hackers e desenvolvedores, mas também a filósofos, formuladores de políticas, ativistas, pessoas que tentam mudar a sociedade de diferentes maneiras, uni-vos. Foram propostas duas faixas de preço diferentes. As pessoas auto identificadas como provenientes do sul global pagarão os ingressos com o preço de custo da alimentação e hospedagem, já os participantes do norte global pagarão mais para subsidiar participantes sem financiamento do sul.

Durante os dias de acampamento, em que é preciso que leve sua própria barraca, serão oferecidas três refeições vegetarianas por dia. Caso não seja possível ficar acampado, entre em contato com a organização, também existem quartos compartilhados limitados.

Vídeo de apresentação do Coletivo Neos feito em 2017

O local onde o evento vai acontecer é o Instituto Neos na praia de Ubatumirim no município de Ubatuba, que desde 2016 promove atividades socioculturais no antigo espaço onde já foi o Centro Cultural O Menino e o Mar, projeto que no começo dos anos 2000 foi idealizado pela diretora de teatro Ruth Escobar e projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, mas que não conseguiu se sustentar. O imóvel ficou abandonado por anos e foi sendo repensado e reconstruído desde 2017.

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Vídeo do espaço antes dos mutirões de Julho e Agosto deste ano

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